terça-feira, 25 de junho de 2013

RECORDAR SÃO LÁZARO, AMIGO DE JESUS

Muitas vezes quando iniciamos a leitura de vários trabalhos sobre a vida do nosso São Lázaro, sobressaem ao coração Cristão dois momentos, o primeiro é um dos milagres mais significativos da vida pública de Cristo Nosso Senhor, a ressurreição de Lázaro e o segundo a frase “o amigo de Jesus”.
 
Mas quando tentamos remexer no passado histórico da vida do nosso São Lázaro antes da ressurreição, deparamo-nos com muitas poucas referências sobre esse período.
Sabe-se que São Lázaro pertencia a uma das famílias mais distintas da Palestina (com forte ligações genealógicas a Jerusalém), que vivia com as suas irmãs, Marta e Maria numa pequena aldeia de Israel chamada Betânia, que ficava a seis quilómetros de Jerusalém, e do Monte das Oliveiras (onde Nosso Senhor Jesus Cristo transmitiu muito dos seus ensinamentos).
Em várias análises históricas, conclui-se também duas hipóteses, que tanto Lázaro como as suas irmãs, provavelmente pertencia a um grupo piedosos israelitas que esperavam a redenção de Israel abraçando um novo caminho, ou a de pertencerem a um movimento religioso, chefiado por um grupo monástico de profunda dedicação hospitalar e que residia na região de Qumran.
Sabemos também através de relatos históricos, que Jesus Cristo nas suas viagens de Jericó para Jerusalém, entrava sempre na casa de Lázaro em Betânia para conversarem, demonstrando assim a profunda relação de amizade que existia entre a família de Lázaro e Jesus.
VIDA DE SÃO LÁZARO – AMIGO DE JESUS
A ENFERMIDADE DE LÁZARO
Lázaro caiu doente em Betânia, onde estavam Maria e sua irmã Marta. Maria era quem ungira o Senhor com o óleo perfumado e lhe enxugara os pés com os seus cabelos. E Lázaro, que estava enfermo, era seu irmão. Suas irmãs mandaram, pois, dizer a Jesus: Senhor, aquele que tu amas está enfermo. A estas palavras, disse-lhes Jesus: Esta enfermidade não causará a morte, mas tem por finalidade a glória de Deus. Por ela será glorificado o Filho de Deus. (João 11, 1-4)
O TEMPO CERTO PARA REALIZAR O MILAGRE
Ora, Jesus amava Marta, Maria, sua irmã, e Lázaro. Mas, embora tivesse ouvido que ele estava enfermo, demorou-se ainda dois dias no mesmo lugar. Depois, disse a seus discípulos: Voltemos para a Judéia. Mestre, responderam eles, há pouco os judeus queriam-te apedrejar, e voltas para lá? Jesus respondeu: Não são doze as horas do dia? Quem caminha de dia não tropeça, porque vê a luz deste mundo. Mas quem anda de noite tropeça, porque lhe falta a luz. Depois destas palavras, ele acrescentou: Lázaro, nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo. Disseram-lhe os seus discípulos: Senhor, se ele dorme, há-de sarar. Jesus, entretanto, falara da sua morte, mas eles pensavam que falasse do sono como tal. Então Jesus lhes declarou abertamente: Lázaro morreu. Alegro-me por vossa causa, por não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos a ele. A isso Tomé, chamado Dídimo, disse aos seus condiscípulos: Vamos também nós, para morrermos com ele. (João 11, 5-16)
MORTE DE LÁZARO
À chegada de Jesus, já havia quatro dias que Lázaro estava no sepulcro. Ora, Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios. Muitos judeus tinham vindo a Marta e a Maria, para lhes apresentar condolências pela morte de seu irmão. (João 11, 17-19)
JESUS ENCONTRA AS IRMÃS DE LÁZARO
Mal soube Marta da vinda de Jesus, saiu-lhe ao encontro. Maria, porém, estava sentada em casa. Marta disse a Jesus: Senhor, se tivesses estado aqui, o meu irmão não teria morrido! Mas sei também, agora, que tudo o que pedires a Deus, Deus to concederá. Disse-lhe Jesus: Teu irmão ressurgirá. Respondeu-lhe Marta: Sei que há-de ressurgir na ressurreição no último dia. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto? Respondeu ela: Sim, Senhor. Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que devia vir ao mundo. A essas palavras, ela foi chamar sua irmã Maria, dizendo-lhe baixinho: O Mestre está aí e chama-te. Apenas ela o ouviu, levantou-se imediatamente e foi ao seu encontro. (Pois Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava ainda naquele lugar onde Marta o tinha encontrado.) Os judeus que estavam com ela em casa, em visita de pêsames, ao verem Maria levantar-se depressa e sair, seguiram-na, crendo que ela ia ao sepulcro para ali chorar. Quando, porém, Maria chegou onde Jesus estava e o viu, lançou-se aos seus pés e disse-lhe: Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido! Ao vê-la chorar assim, como também todos os judeus que a acompanhavam, Jesus ficou intensamente comovido em espírito. E, sob o impulso de profunda emoção, perguntou: Onde o pusestes? Responderam-lhe: Senhor, vinde ver. Jesus pôs-se a chorar. Observaram por isso os judeus: Vede como ele o amava! Mas alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos do cego de nascença, fazer com que este não morresse? (João 11, 20-37)
RESSUREIÇÃO DE LÁZARO
Tomado, novamente, de profunda emoção, Jesus foi ao sepulcro. Era uma gruta, coberta por uma pedra. Jesus ordenou: Tirai a pedra. Disse-lhe Marta, irmã do morto: Senhor, já cheira mal, pois há quatro dias que ele está aí… Respondeu-lhe Jesus: Não te disse eu: Se creres, verás a glória de Deus? Tiraram, pois, a pedra. Levantando Jesus os olhos ao alto, disse: Pai, rendo-te graças, porque me ouviste. Eu bem sei que sempre me ouves, mas falo assim por causa do povo que está em roda, para que creiam que tu me enviaste. Depois destas palavras, exclamou em alta voz: Lázaro, vem para fora! E o morto saiu, tendo os pés e as mãos ligados com faixas, e o rosto coberto por um sudário. Ordenou então Jesus: Desligai-o e deixai-o ir. Muitos dos judeus, que tinham vindo a Marta e Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele. (João 11, 38-45)
PERSEGUIÇÃO A JESUS POR CAUSA DO MILAGRE DA RESSURREIÇÃO DE LÁZARO
Alguns deles, porém, foram aos fariseus e contaram-lhes o que Jesus realizara. Os pontífices e os fariseus convocaram o conselho e disseram: Que faremos? Esse homem multiplica os milagres. Se o deixarmos proceder assim, todos crerão nele, e os romanos virão e arruinarão a nossa cidade e toda a nação. Um deles, chamado Caifás, que era o sumo-sacerdote daquele ano, disse-lhes: Vós não entendeis nada! Nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo, e que não pereça toda a nação. E ele não disse isso por si mesmo, mas, como era o sumo-sacerdote daquele ano, profetizava que Jesus havia de morrer pela nação, e não somente pela nação, mas também para que fossem reconduzidos à unidade os filhos de Deus dispersos. E desde aquele momento resolveram tirar-lhe a vida. Em consequência disso, Jesus já não andava em público entre os judeus. Retirou-se para uma região vizinha do deserto, a uma cidade chamada Efraim, e ali se detinha com seus discípulos. Estava próxima a Páscoa dos judeus, e muita gente de todo o país subia a Jerusalém antes da Páscoa para se purificar. Procuravam Jesus e falavam uns com os outros no templo: Que vos parece? Achais que ele não virá à festa? Mas os sumos-sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem para que todo aquele que soubesse onde ele estava o denunciasse, para o prenderem. (João 11, 46-57)
A CEIA NA CASA DE LÁZARO
Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus a Betânia, onde vivia Lázaro, que ele ressuscitara. Deram ali uma ceia em sua honra. Marta servia e Lázaro era um dos convivas. Tomando Maria uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa encheu-se do perfume do bálsamo. Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair, disse: Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres? Dizia isso não porque ele se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam. Jesus disse: Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura. Pois sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre me tereis. Uma grande multidão de judeus veio a saber que Jesus lá estava; e chegou, não somente por causa de Jesus, mas ainda para ver Lázaro, que ele ressuscitara. Mas os príncipes dos sacerdotes resolveram tirar a vida também a Lázaro, porque muitos judeus, por causa dele, afastavam-se e acreditavam em Jesus. (João 12, 1-11)
PAPA BENTO XVI
PRAÇA DE SÃO PERO
V DOMINGO DE QUARESMA, 9 DE MARÇO DE 2008
Amados irmãos e irmãs
No nosso itinerário quaresmal, chegamos ao 5º domingo, caracterizado pelo Evangelho da ressurreição de Lázaro (cf. Jo 11, 1-45). Trata-se do último grande “sinal” realizado por Jesus, depois do qual os sumos-sacerdotes reuniram o Sinédrio e decidiram matá-lo; e decidiram matar também o próprio Lázaro, que era a prova viva da divindade de Cristo, Senhor da vida e da morte. Na realidade, esta página evangélica mostra Jesus como verdadeiro Homem e verdadeiro Deus. Em primeiro lugar, o evangelista insiste sobre a sua amizade com Lázaro e com as irmãs Maria e Marta. Ele ressalta o facto de que “Jesus era muito amigo” deles (Jo 11, 5), e por isso quis realizar o grande prodígio. “O nosso amigo Lázaro está a dormir, mas Eu vou acordá-lo” (Jo 11, 11) – assim disse aos discípulos, expressando com a metáfora do sono o ponto de vista de Deus sobre a morte física: Deus vê-a precisamente como um sono, do qual nos pode despertar. Jesus demonstrou um poder absoluto em relação a esta morte: vê-se isto, quando restitui a vida ao filho da viúva de Naim (cf. Lc 7, 11-17) e à menina de doze anos (cf. Mc 5, 35-43). Precisamente dela, disse: “Não morreu, está a dormir” (Mc 5, 39), atraindo sobre si o escárnio dos presentes. Mas na verdade é exatamente assim: a morte do corpo é um sono do qual Deus pode acordar-nos em qualquer momento.
Este senhorio sobre a morte não impediu que Jesus sentisse compaixão pela dor da separação. Ao ver Marta e Maria a chorar e quantos tinham vindo para as consolar, também Jesus “suspirou profundamente e comoveu-se” (Jo 11, 33.35). O Coração de Cristo é divino-humano: nele, Deus e Homem encontraram-se perfeitamente, sem separação nem confusão. Ele é a imagem, aliás, a encarnação do Deus que é amor, misericórdia e ternura paterna e materna do Deus que é Vida. Por isso, declarou solenemente a Marta: “Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, mesmo que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá para sempre”. Depois, acrescentou: “Crês nisto?” (Jo 11, 25-26). É uma pergunta que Jesus dirige a cada um de nós; uma interrogação que certamente nos supera, ultrapassa a nossa capacidade de compreender e exige que confiemos nele, como Ele se confiou ao Pai. A resposta de Marta é exemplar: “Sim, ó Senhor; eu creio que Tu és Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo” (Jo 11, 27). Sim, ó Senhor! Também nós acreditamos, não obstante as nossas dúvidas e as nossas obscuridades; cremos em ti, porque Tu tens palavras de vida eterna; desejamos acreditar em ti, que nos infundes uma confiável esperança de vida para além da vida, de vida autêntica e repleta no teu Reino de luz e de paz.”