terça-feira, 8 de julho de 2014

PEREGRINAÇÃO DA ORDEM A WALSINGHAM - INGLATERRA

O significado da palavra “peregrinação”, transporta-nos a um lugar sagrado carregado de simbolismo religioso, para o qual, o peregrino transporta na sua alma uma profunda fé e palavras de esperança.
Grão-Mestre e o Grão-Chanceler
De dois em dois anos, a Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém, promove junto dos seus Cavaleiros e Damas uma peregrinação, recordando assim, o primitivo sentido religioso da fundação da nossa Ordem. 
Grão-Mestre em oração no Santuário de Walsingham
Este ano, a Chancelaria Internacional da nossa Ordem escolheu para os seus Cavaleiros e Damas, as terras de Sua Majestade Isabel II de Inglaterra, a vila de Walsingham.
Momento de Oração no Santuário de Walsingham
Walsingham é uma pequena vila a norte de Inglaterra, rodeada por uma beleza paisagística indiscritível, palácios que nos fazem viajar no tempo e igrejas ancestrais carregadas de simbolismos, histórias e devoções, no entanto religiosamente, é conhecida essencialmente por ser um ponto de encontro para a devoção Mariana.
Jantar nos jardins da antiga Abadia de Walsingham
Escreveram-se nos livros de história, e segundo a tradição, que poucos anos antes da primeira cruzada, no ano de 1153, no reinando de Sua Majestade Eduardo – o Confessor, a poucos quilómetros de Norfolk, que se estabeleceu um Mosteiro para a devoção da Nossa Senhora de Walsingham, transformando-se rapidamente num centro de culto mariano, recebendo ao longo dos séculos grandes grupos de peregrinos.
Jantar nos jardins da antiga Abadia de Walsingham
A própria Casa Real Inglesa, além de patrocinar financeiramente as infraestruturas, sempre sentiu ao longo dos séculos a grande espiritualidade de Walsingham, participando nas suas grandes peregrinações, como Suas Majestades os Reis Henrique III em 1231 e 1241, Eduardo I em 1289 e 1296, Eduardo II em 1315, Eduardo III em 1361, Henrique VI em 1455, Henrique VII em 1487, Henrique VIII, etc.
Prior de Espanha - Marquês de Armunia, Bispo do Santuário de Walsingham e o Grão-Mestre
Ao final do dia de 5 de Junho, chegavam os primeiros peregrinos da Ordem ao Santuário de Walsingham, onde ficariam instalados durante os dias seguintes. O Santuário é composto por vários edifícios, recantos e encantos, carregando em toda a sua envolvência uma espiritualidade única e uma serenidade que nos prepara para a recoleção Mariana que iriamos participar.
Corpo Eclesiástico da Ordem com o Bispo do Santuário de Walsingham
Participaram nesta peregrinação Mariana, as delegações de Inglaterra, Irlanda, Finlândia, Áustria, Alemanha, Escócia, Africa do Sul, Republica Checa, França, Malta, Estados Unidos da América, Bélgica, Canada, Finlândia, Hungria, Nova Zelândia, Eslovénia, Suécia, Espanha e a nossa delegação do Grão-Priorado de Portugal. Num total de mais de duzentos peregrinos.
Peregrinação para a Igreja de Nossa Senhora
O ambiente fraterno e espiritual de todos os Cavaleiros e Damas, criava à volta desta peregrinação momentos de recoleição, no entanto na manhã de 6 de Junho, numa sala envidraçada que nos permitia observar a relaxante vegetação do Mosteiro e o chilrear dos pássaros, era o espaço físico ideal para as longas reuniões da Chancelarias e dos Priorados.
Peregrinação para a Igreja de Nossa Senhora
Esse dia, preenchido com reuniões das quais se salientou o apoio hospitalário que se está a desenvolver em Jerusalém, só seria interrompido pelo rápido almoço e pelas orações realizadas na Capela do Mosteiro para todos os peregrinos. Não querendo carregar este texto com os temas abordados das reuniões, pode-se resumir todo este dia a reuniões e orações.
Peregrinação para a Igreja de Nossa Senhora
Nessa mesma noite, acompanhada pelas mudanças repentinas do típico clima inglês, deslocamo-nos em grupo para a antiga Abadia de Walsingham.
No exterior da Igreja de Nossa Senhora
Passando pelo antigo portão da Abadia, percorrendo uma calçada com centenas de anos, deparamo-nos subitamente com um enorme terreno verdejante, surgindo no seu centro as ruinas da Abadia construída no século XI.
No exterior da Igreja de Nossa Senhora
Nesse mesmo terreno encontra-se uma tenda enorme que acolheu todos os peregrinos e delegações para o primeiro jantar de Cavaleiros e Damas da Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém.
No exterior da Igreja de Nossa Senhora
No dia seguinte, bem cedo, abriu-se o dia com uma cerimónia religiosa na Capela do Mosteiro, seguido da explicação da ação social, cívica e hospitalária que os membros da Ordem têm realizado em prol de uma das doenças ainda muito presente entre nós, a lepra. Uma das ações exercidas na India, foi apresentada de forma detalhada, demonstrando assim a forte intervenção que se está a realizar, mas também o longo trabalho que temos pela frente. Sensibilizados pelo trabalho realizado, terminamos estas conferências com orações, pedindo a Deus Nosso Senhor que nos ajude nesta caminhada de apoio a quem mais necessita de nós.
Procissão de Velas para o Santuário de Walsingham
Os almoços foram sempre realizados na cantina da Abadia, repleta de confraternização e boa disposição. Pelas 15 horas do dia 7 de Junho, os peregrinos apresentaram-se com os seus mantos para a caminhada de três quilómetros e meio até “Roman Catholic National Shrine of Our Lady”, fundada em 1061. Apesar da chuva ter estado presente antes desta peregrinação, quando o grupo com mais de 200 pessoas começou a caminhar, a chuva parou.
Procissão de Velas para o Santuário de Walsingham
Ao longo desta caminhada, viam-se Cavaleiros e Damas com idades compreendidas entre os trinta e os setenta e cinco anos, dos quais alguns necessitavam do apoio dos Irmãos em Lázaro para este percurso, no entanto sentia-se nos seus olhos que a força que os movia, era a fé.
Com a Graça de Deus e a proteção de Nossa Senhora, terminamos todos bem esta caminhada por entre terrenos verdejantes, orações e um sorriso de fé e esperança.
Procissão de Velas para o Santuário de Walsingham
Apesar de terminarmos cansados, terminamos felizes, entrando logo de seguida para a Igreja principal do recinto, onde assistimos à celebração religiosa.
Para o regresso, encontravam-se camionetas que fariam o transporte até ao Santuário, no entanto todas regressaram vazias. Os peregrinos optaram por realizar o mesmo percurso pedonal.
Procissão de Velas para o Santuário de Walsingham
Pelas 19 horas, voltamo-nos a reunir nos jardins do Santuário e retornamos à tenda do dia anterior para o jantar que iria dar por terminada esta peregrinação a Walsingham.
Procissão de Velas para o Santuário de Walsingham
No entanto, no final do jantar, pelas dez horas e trinta minutos, saímos das nossas mesas, foi-nos oferecido uma vela e todos os presentes no jantar fizeram o retorno ao Santuário, caminhando pelas ruas de Walsingham, entoando cânticos de orações a Nossa Senhor, terminando junto ao altar com orações de agradecimento.
Santuário de Walsingham - Orações Marianas
Muito se poderia escrever sobre esta peregrinação que se expressava nos rostos de todos os presentes, mas acredito que todos sentimos “foi um momento único”.
Santuário de Walsingham - Orações Marianas