Estar presente numa Investidura do Grão-Priorado de
Espanha da nossa Ordem, é presenciar uma tradição com centenas de anos, na
companhia de famílias que pertencem há várias gerações a esta instituição. No
entanto ainda se acrescenta a todo este simbolismo, a cidade medieval de Toledo, tornando-se tudo num
cenário perfeito para a velada-de-armas que teve início no dia 4 de Outubro.
Foi uma cerimónia íntima, de preparação para o compromisso que todos os futuros
Cavaleiros e Damas iriam assumir no dia seguinte.
Duque de Sevilha, Marquês de Almazán, Marquês de la Lapilla e Marquês de Armunia
O Mestre-de-Cerimónias, D. Manuel Tourón y Yebra,
orientava com a sua voz os futuros Irmãos Lazaristas, recordando a história
novecentista da Ordem, a importância da Fé, do compromisso de lealdade com a
Ordem e um eterno desejo de ajudar a quem mais necessita. É difícil descrever o
que percorre no espirito de cada Postulante, mas a certeza dos seus olhares não
deixava qualquer dúvida sobre os seus desejos.
Toledo
É efetivamente uma das cerimónias mais simbólicas de uma
investidura, preparando-lhes o espírito e a alma para o compromisso que viria
no dia seguinte.
O Grão-Priorado de
Portugal não podia deixar de estar presente ao convite do Grão-Priorado do país
vizinho.
Apesar de hoje em dia os e-mails e o facebook minimizarem
a distância, o encontro entre Irmãos Lazaristas tem outro “sabor”. Os sorrisos
inundavam o átrio da receção do hotel, o espanhol mistura-se com o inglês e o
alemão, as lembranças são trocadas demonstrando o espírito de profunda e
verdadeira amizade que existe entre todos.
Cerimónia de abertura
Este era o espírito que se respirava às 19 horas do dia 5
de Outubro no átrio do Hotel, o qual só foi quebrado pelo sinal de partida do
transporte que nos levaria até á Igreja São Sebastião.
O hotel ficava um pouco distante do centro da cidade, o
que permitiu deslumbrar todo o encanto da cidade de Toledo, cercada por uma
muralha, em que cada pedra parece contar uma história, batalhas lendárias que
estão relatadas no museu militar do Alcázar. O Alcázar é um edifício imponente,
que se distingue dos que o rodeiam pela sua dimensão e localização, mas de
repente surge a Porta de Bisagra com as imponentes Armas de Castela, Leão e Granada
sobre uma águia bicéfala e tudo isto rodeado pelo colar do Tosão de Ouro; de
repente a Porta do Sol e sem nos apercebermos como surge a Ponte de Alcántara,
do outro lado um castelo e um imensurável número de edifícios que me levariam a
escrever linhas sem fim. E assim se chegou á Igreja de São Sebastião, que já
foi uma antiga Mesquita de Al-Dabbagin, de estrutura retangular, com arcos de
tijolo antigo que suporta um lindíssimo teto trabalhado em madeira. Ainda se
sentia os pequenos detalhes de uma mesquita que tinha sido conquistada pelos
Cristãos e transformada em Igreja Católica, onde no seu altar sobressai a
figura do mártir São Sebastião, cravado de setas.
Mestre de Cerimónias - D. Manuel Tourón y Yebra, Capelão, Duque de Sevilha, Marquês de Almazán, Marquês de la Lapilla e Marquês de Armunia
Na chegada á Igreja de São Sebastião, as pessoas
rapidamente colocaram o seu manto e o semblante adaptou-se ao momento que se
irá seguir.
Numa fração de minutos estão todos nos seus devidos
lugares, o coro entoa por entre os arcos e relembra tempos longínquos. O
estandarte com as Armas Reais de Espanha abre o cortejo. Sobre as cadeiras
vêm-se mantos negros com a Cruz Lazarista, os quais enchem por completo a
Igreja, e vive-se mais um momento que fará parte da história da Ordem Militar e
Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém. Atrás do estandarte o
Mestre-de-Cerimónias, de seguida o estandarte da Ordem, do Grão-Priorado de
Espanha, Membros do Conselho e Governo, Chefes de Jurisdições, Membros do
Grã-Conselho-Magistral, a Espada, o Grão-Mestre e o Grão-Mestre Emérito, o
Pavilhão do Grão-Mestre e o Clero.
Membros do Conselho do Grão-Priorado de Espanha, o Grã-Custódio - Stepaham Henhalp e o Rei-de-Armas do D. José María Montells - Visconde de Portadei
Nesta cerimónia estão presentes as mais altas individualidades
do Grão-Priorado de Espanha. Suas Excelências o Grão-Prior D. Juan Pedro de
Soto Martorell – XVII Marquês de la Lapilla Grande de Espanha (filho dos Duques
de Escalona, de Almenara Alta, Marqueses de Albranca, Monasterio, Paredes,
Villena e Condes de Darnius), o Prior de Espanha D. Ivan de Arteaga del Alcazar
– XVI Marquês de Armunia (filho dos Duques do Infantado, Marqueses de Ariza, de
Cea, de Laula, de Tavara, de Valmediano, Conde de la Monclova, de Santiago, e
de Real de Manzanares), o Coadjuntor e Comendador de Castela D. Francisco de
Bourbon e Hardenberg (filho do Duque de Sevilha e da Condessa de Hardenberg),
D. Francisco de Borja Castellano y Salamanca Conde de Campo Alange e Marquês de Torre-Manzanal, o Rei de Armas do Priorado de Espanha, o nosso querido amigo D. José Maria Montells – Visconde de Portadei, etc, etc.
General Serrano Rioja
Presidiram á cerimónia o nosso 49º Grão-Mestre D. Carlos
de Bourbon – Marquês de Almazán, e o Grão-Mestre Emérito D. Francisco de
Bourbon – Duque de Sevilha e Grande de Espanha.
Comendador de Castela - D. Francisco de Bourbon e Hardenberg
O Mestre-de-Cerimónias D. Manuel Tourón y Yebra dá início
á cerimónia entre o silêncio da Igreja de São Sebastião. Dirige-se aos
Postulantes recordando o compromisso que iriam assumir, os valores em que devem
viver, a responsabilidade que lhes irá assistir. O Sacerdote recorda “o Amigo
de Jesus” – São Lázaro, salientando a todos os presentes que também devemos ser
Amigos de Jesus, que devemos alimentar na oração essa amizade, esse diálogo.
São chamados um a um perante o Grão-Mestre D. Carlos de
Bourbon – Marquês de Almazán, que os torna Cavaleiro ou Dama. O primeiro foi o
General Serrano Rioja, que depois de ser investido, o Grão-Prior de Espanha o
Marquês de la Lapilla impõe as insígnias e de seguida o manto. O Padrinho
acompanha sempre o Postulante que agora já se tinha tornado Cavaleiro da Ordem
Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém.
Grão-Mestre Emérito D. Francisco de Bourbon - Duque de Sevilha e Grande de Espanha
Entre cânticos e palavras de compromisso, a cerimónia
segue os rituais que ao longo dos séculos definem a Ordem de São Lázaro. Estão
também representadas a Ordem Constantiniana de São Jorge, a Maestranza de
Castilha, a Ordem da Águia e da Túnica de Nosso Senhor Jesus Cristo da Casa
Real da Geórgia, a Divisa de São Miguel o Tramaturgo, a Irmandade de Cavaleiros
da Custódia de “Lignum Crucis de Santo Toribio de Liébana” por D. José María de
Mazarrasa y de la Torre, etc.
O final da cerimónia termina com a procissão, repleta de
sorrisos e abraços. Possuímos mais Irmãos Lazaristas.
Sua Excelência o 49º Grão-Mestre D. Carlos de Bourbon - Marquês de Almazán
O cocktail no hotel liberta o formalismo da cerimónia
eucarística, e o jantar-de-gala um convívio inesquecível. O Grão-Prior de
Espanha Sua Excelência o Marquês de la Lapilla profere no final da refeição
umas palavras, seguidas da entrega de diplomas e terminada com as palavras do
nosso 49º Grão-Mestre D. Carlos de Bourbon – Marquês de Almazán, agradecendo a
presença de todos e relembrando as intervenções cívicas que o Grão-Priorado de
Espanha tem realizado, dando o exemplo de “toda la ayuda es poca” (uma das
grandes iniciativas do Grão-Priorado de Espanha.
Grão-Prior de Espanha - Marquês de la Lapilla
Não podia terminar esta cerimónia sem um Baile-de-Gala,
que durou pela noite dentro.
Tornar-se membro da Ordem Militar e Hospitalar de São
Lázaro de Jerusalém, sem dúvida que é pertencer a volume histórico de grande
relevância, no entanto uma Investidura é um momento de compromisso, de
juramento e responsabilidade. Um compromisso como Cristãos perante Deus Nosso
Senhor, um juramento assumido perante todos os Irmãos Lazaristas e uma profunda
responsabilidade de ajudar o próximo. E esta ultima é o verdadeiro espírito de
qualquer Cavaleiro ou Dama desta Ordem. Estarmos disponíveis num espírito
Cristão, a ajudar os que mais necessitam, porque somos todos filhos de Deus e todos
Irmãos.