D. Carlos de Bourbon
49º Grão-Mestre da Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém
(tradução para português)
Querido Irmãos em São Lázaro,
Cumpridos cinco anos desde que assumi a responsabilidade
do Grão-Mestrado da Ordem, quis reflexionar novamente sobre a nossa responsabilidade
no mundo moderno, os objetivos a alcançar e os valores a defender.
Antes de mais, desejo felicitar a cada um de vós, Damas e
Cavaleiros da Ordem, que têm contribuído com entusiasmo e esforço em coroar um
caminho que nem sempre é fácil, na ajuda aos mais necessitados.
Atuar na Caridade, por amor ao próximo, que provém do
nosso amor a Cristo, é a nossa identidade.
Estas palavras são de suma importância e convém sempre
relembrar, mas se não atuar-mos, passa a ser uma existência estéril.
Digo isto várias vezes ao longo dos anos, uma Ordem de
Cavalaria Cristã, não é uma sociedade democrática nem uma corporação dispensada
de vaidades. Uma Ordem de Cavalaria como a nossa querido Ordem de São Lázaro,
Belém e Nazaré, é sobretudo, um compromisso pessoal com Nosso Senhor Jesus
Cristo, com o ecumenismo que nos carateriza e uma dedicação ao mais debilitado.
A Cavalaria também é um caminho de aprendizagem, que
requer capacidade de adaptação com a realidade.
Recordemos o que em 2005, o Papa Emérito Bento XVI iniciou
com o seu caminho na unificação do ecumenismo, travando encontros com
protestantes e evangélicos na sua terra natal da Alemanha, proferindo no seu
famoso discurso “unidade na multiplicidade e a multiplicidade na unidade”.
Bento XVI também avançou na relação com a Igreja
anglicana, chegando mesmo a conceder o uso da palavra na jornada inaugural do
Sínodo, pelo então Bispo da Cantuária Rowan Wiliams que é membro da nossa
Ordem.
De facto, o Papa criou uma estrutura diferente para
acolher aqueles anglicanos que querem voltar à Igreja Católica sem perder as
suas tradições. O qual não foi de modo algum, foi visto de forma hostil pela hierarquia
da Igreja Anglicana e a prova foi a primeira visita de um Papa de Roma à
Catedral de Westminster, decorrendo com grande cordialidade.
O legado de Bento XVI nesta matéria, será, sem dúvida,
continuado por Sua Santidade o Papa Francisco, que tem demonstrado uma enorme
vontade em impulsionar o diálogo inter-eclesial e encontros com outros
Cristãos.
Como sempre, temos que o ajudar na Oração. A Oração, nas
palavras de São João Damasceno, é a elevação da alma a Deus. Nos tempos conturbados
em que vivemos, a oração é um veículo fundamental na comunicação com o Altíssimo
e a segurança para alcançar os valores pelo que lutamos: respeitando a palavra
dada, a vontade de estar ao serviço dos outros, na defesa da justiça e do bem, no
amor à Pátria, na generosidade com o inimigo e na lealdade às instituições.
A Ordem necessita de cultivar os valores da dedicação, da
disciplina, em tornar-se num exemplo para uma sociedade que a cada dia que passa,
está mais afastada do ideal Cristão.
Servir a Cristo, desde a devoção a São Lázaro, deve ser o
objetivo de cada um de nós. Por isso convoco-vos novamente. Rendam-se ás adversidades.
Temos que levantar o nosso ânimo e continuar defendendo as debilidades, como
fizeram os nossos antecessores.
Marquês de Almazán