Momento em que Sua Santidade o Papa João Paulo II assina a Bênção para a Ordem de São Lázaro
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27 de Abril de 2014 é uma data
que ficará para sempre na referência histórica da Ordem Militar e Hospitalar de
São Lázaro de Jerusalém – o dia de canonização de Sua Santidade o Papa João
Paulo II.
Uma das várias ligações
diretas que Sua Santidade teve com a Ordem, foi sem dúvida nos anos 80, nos
quais recebeu oficialmente várias vezes os membros da nossa Ordem Militar e
Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém. Numa dessas audiências privadas com Sua
Santidade o Papa João Paulo II, a Ordem apresentou-se com uma delegação
composta pelo Cardial Macharski da Polónia, o Bispo de Frotz (representante na
altura da Conferência Episcopal da Alemanha) e vários Sacerdotes que compunham
o corpo eclesial da Ordem Militar e Hospitalar de São Lázaro de Jerusalém,
apresentando-lhe as diversas intervenções cívicas que estavam a desenvolver.
Cartão de Sua Santidade o Papa João Paulo II para a Ordem de São Lázaro
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Estas audiências nunca se
resumiram a simples encontros protocolares, mas sim a uma atividade intensa de
colaboração através dos mecanismos que a Ordem dispunha, chegando a alcançar uma
intervenção financeira no valor de 20 milhões de dólares.
Sua Santidade o Papa João Paulo II celebra numa Capela privada com Sua Eminência o Cardeal Macharski, Prelados e Capelães da Ordem, para as nossas delegações.
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Entre 1987 e 1992, os
relatórios das ações da Ordem, foram apresentados a Sua Santidade, por Sua Eminência
o Cardeal Jacques Martim, esclarecendo as intervenções da Ordem, que recebiam o
grande apoio do Grão-Priorado da Alemanha (na pessoa do seu Grão-Prior o
Príncipe de Metternich), do Grão-Priorado dos Estado Unidos e Canada, com o auspício
da Comunidade Económica Europeia. Todas estas eficazes ações, levaram a que Sua
Santidade o Papa João Paulo II e o Cardeal Macharski, encorajassem a Ordem a
continuar com o seu apoio social nas regiões em que estava a atuar, originando,
com o apoio do Grão-Prior da Áustria, o Arquiduque da Áustria Leopoldo, o Barão
de Slatin e o Referendário da Ordem, o Prof.
Franz Josef Federsel, na construção do “St. Lazarus Hospice” na Polónia.
Todos estes momentos de inter-relação com Sua Santidade o Papa João Paulo II (hoje
São João Paulo II), são um marco histórico e cívico de grande importância na
nossa Ordem, transformando-se cotidianamente numa referência impulsionadora
para a continuação do nosso trabalho.
Sua Santidade o Papa Francisco na cerimónia de Canonização de São João Paulo II
SANTA MISSA E CANONIZAÇÃO DO
BEATO JOÃO PAULO II
HOMILIA DE SUA SANTIDADE O
PAPA FRANCISCO
Praça de São Pedro
II Domingo de Páscoa (ou da
Divina Misericórdia), 27 de Abril de 2014
"No centro deste domingo, que
encerra a Oitava de Páscoa e que São João Paulo II quis dedicar à Misericórdia
Divina, encontramos as chagas gloriosas de Jesus ressuscitado.
Já as mostrara quando apareceu
pela primeira vez aos Apóstolos, ao anoitecer do dia depois do sábado, o dia da
Ressurreição. Mas, naquela noite – como ouvimos –, Tomé não estava; e quando os
outros lhe disseram que tinham visto o Senhor, respondeu que, se não visse e
tocasse aquelas feridas, não acreditaria. Oito dias depois, Jesus apareceu de
novo no meio dos discípulos, no Cenáculo, encontrando-se presente também Tomé;
dirigindo-Se a ele, convidou-o a tocar as suas chagas. E então aquele homem
sincero, aquele homem habituado a verificar tudo pessoalmente, ajoelhou-se
diante de Jesus e disse: «Meu Senhor e meu Deus!» (Jo 20, 28).
Sua Eminência o Cardeal Macharski e o Monsenhor Klaus Dick - Bispo Auxiliar de Colegne, assistem ás doações da Ordem de São Lázaro
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Se as chagas de Jesus podem
ser de escândalo para a fé, são também a verificação da fé. Por isso, no corpo
de Cristo ressuscitado, as chagas não desaparecem, continuam, porque aquelas
chagas são o sinal permanente do amor de Deus por nós, sendo indispensáveis
para crer em Deus: não para crer que Deus existe, mas sim que Deus é amor,
misericórdia, fidelidade. Citando Isaías, São Pedro escreve aos cristãos:
«pelas suas chagas, fostes curados» (1 Ped 2, 24; cf. Is 53, 5).
São João XXIII e São João
Paulo II tiveram a coragem de contemplar as feridas de Jesus, tocar as suas
mãos chagadas e o seu lado trespassado. Não tiveram vergonha da carne de
Cristo, não se escandalizaram d’Ele, da sua cruz; não tiveram vergonha da carne
do irmão (cf. Is 58, 7), porque em cada pessoa atribulada viam Jesus. Foram
dois homens corajosos, cheios da parresia do Espírito Santo, e deram testemunho
da bondade de Deus, da sua misericórdia, à Igreja e ao mundo.
Entrega de apoio hospitalar oferecido pela Ordem de São Lázaro, entregue na terra natal de Sua Santidadde o Papa João Paulo II
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Foram sacerdotes, bispos e
papas do século XX. Conheceram as suas tragédias, mas não foram vencidos por
elas. Mais forte, neles, era Deus; mais forte era a fé em Jesus Cristo,
Redentor do homem e Senhor da história; mais forte, neles, era a misericórdia
de Deus que se manifesta nestas cinco chagas; mais forte era a proximidade
materna de Maria.
Nestes dois homens
contemplativos das chagas de Cristo e testemunhas da sua misericórdia, habitava
«uma esperança viva», juntamente com «uma alegria indescritível e irradiante»
(1 Ped 1, 3.8). A esperança e a alegria que Cristo ressuscitado dá aos seus
discípulos, e de que nada e ninguém os pode privar. A esperança e a alegria
pascais, passadas pelo crisol do despojamento, do aniquilamento, da proximidade
aos pecadores levada até ao extremo, até à náusea pela amargura daquele cálice.
Estas são a esperança e a alegria que os dois santos Papas receberam como dom
do Senhor ressuscitado, tendo-as, por sua vez, doado em abundância ao Povo de
Deus, recebendo sua eterna gratidão.
Esta esperança e esta alegria
respiravam-se na primeira comunidade dos crentes, em Jerusalém, de que falam os
Atos dos Apóstolos (cf. 2, 42-47), que ouvimos na segunda Leitura. É uma
comunidade onde se viveu essencial do Evangelho, isto é, o amor, a
misericórdia, com simplicidade e fraternidade.
Construção do "St. Lazarus Hospice", realizado com o apoio financeiro da Ordem de São Lázaro e sob a direção do Prof. Franz Josef Federsel - Grão-Prior da Áustria
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E esta é a imagem de Igreja
que o Concílio Vaticano II teve diante de si. João XXIII e João Paulo II
colaboraram com o Espírito Santo para restabelecer e atualizar a Igreja segundo
a sua fisionomia originária, a fisionomia que lhe deram os santos ao longo dos
séculos. Não esqueçamos que são precisamente os santos que levam avante e fazem
crescer a Igreja. Na convocação do Concílio, São João XXIII demonstrou uma
delicada docilidade ao Espírito Santo, deixou-se conduzir e foi para a Igreja um
pastor, um guia-guiado, guiado pelo Espírito. Este foi o seu grande serviço à
Igreja; por isso gosto de pensar nele como o Papa da docilidade ao Espírito
Santo.
Neste serviço ao Povo de Deus,
São João Paulo II foi o Papa da família. Ele mesmo disse uma vez que assim
gostaria de ser lembrado: como o Papa da família. Apraz-me sublinhá-lo no
momento em que estamos a viver um caminho sinodal sobre a família e com as
famílias, um caminho que ele seguramente acompanha e sustenta do Céu.
Construção do "St. Lazarus Hospice", realizado com o apoio financeiro da Ordem de São Lázaro e sob a direção do Prof. Franz Josef Federsel - Grão-Prior da Áustria
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Que estes dois novos santos
Pastores do Povo de Deus intercedam pela Igreja para que, durante estes dois anos
de caminho sinodal, seja dócilao Espírito Santo no serviço pastoral à família.
Que ambos nos ensinem a não nos escandalizarmos das chagas de Cristo, a
penetrarmos no mistério da misericórdia divina que sempre espera, sempre
perdoa, porque sempre ama".